Amigos, familiares e autoridades estiveram presentes no local para a despedida da líder do Quilombo Pitanga dos Palmares.

Foi neste sábado (19) o sepultamento de Mãe Bernadete, liderança quilombola assassinada na noite da última quinta-feira (17). A cerimônia aconteceu no Cemitério Ordem Terceira de São Francisco, na Baixa de Quintas, em Salvador.
Amigos, familiares e autoridades estiveram presentes no local para a despedida da líder do Quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho. Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos, estava em casa, na comunidade quilombola, quando dois homens chegaram em uma moto e atiraram contra a residência da yalorixá.
Há seis anos, um dos filhos dela foi executado a tiros e enterrado no mesmo local. Nos dois casos, os suspeitos fugiram e ninguém foi preso.
“No dia 19 de setembro de 2017 meu irmão foi assassinado e hoje, 19 de agosto de 2023, eu estou sepultando minha mãe no mesmo lugar. Não são os mesmos autores, mas pode ser o mesmo mandante”, disse Jurandir Wellington Pacífico, filho de Mãe Bernadete.
Assim como filho Flávio Gabriel Pacifico, Mãe Bernadete foi assassinada dentro do quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho, na Região metropolitana de Salvador (RMS). Na ocasião, ela assistia televisão com os três netos. A Polícia Federal e a Polícia Civil da Bahia investigam o caso.
O Quilombo Pitanga dos Palmares, do qual Mãe Bernadete era a principal liderança, lutava contra a desapropriação das terras para dar lugar a empreendimentos como um presídio e um pedágio, já construídos, além de uma ferrovia, em construção. Isso é o que consta no levantamento do Mapa de Conflitos, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), divulgado em 2019.
De acordo com o Mapa, o território quilombola tem uma área de 854,2 hectares e tem sido disputado pela especulação imobiliária. A terra é próxima dos polos industrial e petroquímico e foi explorado para a construção de grandes empreendimentos públicos e privados, como a construção do Complexo Penitenciário Simões Filho, inaugurado em 2007, o projeto de construção da Variante Ferroviária de Camaçari e as obras na rodovia BA–093.
Ainda segundo a pesquisa, os quilombolas relatam problemáticas ambientais e sociais, como queimadas e desmatamentos, ameaças e assassinatos e vulnerabilidade a rebeliões e fugas do presídio.
