“Estou desesperada, a situação tá difícil, todo mundo está com medo, as crianças estão chorando, tô muito desesperada. Não quero morrer”, diz Shared, de 18 anos.

O ministro das relações exteriores do Brasil, Mauro Vieira, afirmou, agora à noite, que negociou com o Egito a saída dos brasileiros na Faixa de Gaza e espera que eles consigam deixar ainda amanhã a região.
O clarão das bombas iluminou o amanhecer sem luz em Gaza. Ahmad el Ajrami, um dos brasileiros que estão na escola católica transformada em abrigo, registrou a situação na madrugada. Como praticamente toda a região, a escola estava no escuro.
“Não tem energia, não tem luz, olha, olha, gente”, diz.
O medo tomou conta dos brasileiros , o colégio fica exatamente no norte, na área da Faixa de Gaza que Israel avisou para a população civil deixar. O Itamaraty afirma que já comunicou a Israel que a escola está sendo usada como abrigo para cidadãos brasileiros. Não houve resposta oficial. No início do dia, mais seis brasileiros que estão em Gaza se juntaram aos que foram levados ontem para a escola – totalizando 19 pessoas. Onze delas, crianças.
A Shared, de 18 anos, chegou com a irmã de 13 anos e a avó, de 64 anos. No caminho, ela registrou a destruição na cidade. “Olha, tudo destruído. Ali a minha faculdade. Tudo destruído.”
Na escola, em entrevista ao vivo à Globonews, ela fez um relato do desespero.
“Estou desesperada, a situação tá difícil, todo mundo está com medo, as crianças estão chorando, tô muito desesperada. Eu estou na escola e a irmã da igreja reuniu com a gente e disse que a escola não é mais um lugar seguro. Eu não quero morrer, gente”.
“Não tem ninguém ferido, mas a gente não pode mais ficar aqui. A gente vai deixar tudo. Os alimentos não vamos conseguir levar nada. Estou há seis dias sem dormir, eu estou tonta, não estou conseguindo mais pensar em nada, eu não sei o que fazer. “
Pouco depois, a entrevista precisou ser interrompida. “Eu vou ter que desligar, a gente vai ter que sair daqui agora”
As malas já estavam prontas. Mas, por causa da destruição e perigos do trajeto, o ônibus enviado pela representação diplomática do Brasil na região só conseguiu chegar à escola depois do anoitecer. E ai, por segurança e pela falta de luz, a viagem foi suspensa e será feita amanhã de manhã.
