Em plebiscito histórico, os australianos decidiram rejeitar uma proposta que reconheceria os indígenas na Constituição do país e daria mais direitos aos povos originários.

A população da Austrália rejeitou um plano para dar mais direitos e poderes aos povos indígenas do país em plebiscito realizado neste sábado (14).
Em todos os seis estados a população votou por não aceitar uma proposta para alterar a Constituição, medida que reconheceria os cidadãos indígenas e criaria um órgão consultivo formado por aborígenes – a entidade teria de ser consultada sobre ações do governo relacionadas aos indígenas.
O primeiro-ministro Anthony Albanese, que apoiava o projeto, afirmou que a derrota foi difícil. “Quando você mira alto, às vezes você fica aquém. Nós entendemos e respeitamos isso.”
O líder da oposição, Peter Dutton, disse que o resultado foi “bom para o nosso país”.
O plebiscito, apelidado de “Voice”, foi o primeiro da Austrália em mais de um quarto de século.
Com quase 70% dos votos contabilizados, o voto “Não” venceu com 60%, enquanto o “Sim” obteve 40%.
A rejeição se seguiu a uma campanha tensa.
Os apoiadores do Voice diziam que a consolidação dos direitos dos povos indígenas na Constituição uniria a Austrália e iniciaria uma nova era no país.
Segundo eles, a proposta levaria a melhores condições de vida para os aborígenes e os habitantes das ilhas do Estreito de Torres, que tem expectativa de vida mais baixa e resultados de saúde e educação piores do que outros australianos, em termos proporcionais.
A proposta afirmava que o Voice “faria representações” aos deputados e às autoridades políticas “sobre questões relacionadas com os povos aborígenes e das ilhas do Estreito de Torres”.
Já a oposição afirmava que a ideia causaria divisão, criaria “classes” especiais de cidadãos, e que o novo órgão consultivo atrasaria a tomada de decisões do governo.
Durante a campanha, a oposição ao Voice foi criticada por apelar aos eleitores indecisos com uma mensagem: “Não sabe? Vote não”, além de ser acusada de realizar uma campanha baseada em desinformação sobre os efeitos do plano.
