Durante a semana, representantes das comunidades apresentaram pedido de abertura de uma notícia crime contra uma empresária da cidade.

O movimento foi realizado ontem (25) e teve sua concentração na praça Antônio João e percorreu ruas centrais da cidade, com parada em uma doceria, onde ocorreu protesto. Dezenas de pessoas participaram da passeata com faixas, cartazes e algumas delas com trajes religiosos.
“Não somos comedores de carne humana. Temos famílias, profissões e contribuímos para o desenvolvimento da nossa cidade”, afirma Naiara Fonteles, líder do Makota do Ilê Axé Megemulebaonã. Ela é uma das representantes de religiões afro presentes no ato.
Além de manifestações com pronunciamentos realizados na Praça Antônio João, que contou com a participação de representantes de outros segmentos, como os vereadores Elias Ishy (PT) e Olavo Sul (MDB), foi realizada a marcha pelo fim da intolerância. A caminhada com cânticos afros percorreu diversas ruas do centro de Dourados.
Durante a semana, representantes das comunidades apresentaram pedido de abertura de uma notícia crime contra uma empresária da cidade. A denúncia foi realizada na Polícia Federal. O promotor de Justiça João Linhares Júnior também pediu investigação.
Intolerância religiosa é crime e muita gente sabe disso. Embora haja lei que prevê pena de 2 a 5 anos de detenção para quem obstar, impedir ou empregar violência contra quaisquer manifestações ou práticas religiosas no país, a internet tem sido utilizada como um espaço que aparenta ser uma terra sem lei, principalmente com discurso de ódio. Foi o que aconteceu em Dourados. Diante do recente caso em Ponta Porã com o furto de ossada humana em um cemitério, religiões afrodescendente viraram alvo.
Com a repercussão do caso na fronteira, jornais de todo o estado passaram a noticiar o furto, considerado bárbaro, sendo furtados corpos de uma criança e de uma adolescente. Com isso, comentários passaram a ser direcionados à comunidade afro. Em um deles, ocorrido em Dourados, a postagem foi da seguinte forma: “Devem ser os macumbeiros para fazer algum trabalho de destruição”, disse um dos usuários das redes sociais. Outro continuou: “(…) sim e ainda come carne humana”, comentou outra conta assinada por uma empresa do ramo de confeitaria em Dourados, que foi apagado posteriormente.
