Indígenas afirmam que medida não compensam os danos causados pela usina de Itaipu e cobram demarcação de territórios.

Um acordo histórico de R$ 240 milhões foi firmado ontem (25) entre a Itaipu Binacional e representantes do povo Ava Guarani para a compra de terras na região de Itaipulândia, no Paraná. O objetivo é reparar os impactos da construção da usina hidrelétrica nas comunidades indígenas que habitavam a área. A cerimônia ocorreu durante a Assembleia Geral da Comissão Guarani Yvyrupa, em Itaipulândia (PR), que reúne cerca de mil lideranças indígenas do Sul e Sudeste e segue até sexta-feira (28).
O acordo, que prevê a aquisição de 3 mil hectares de terras, foi celebrado com a presença de autoridades como o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Messias, a ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Enio Verri, e o presidente da Funai, Joenia Wapichana.
Apesar da importância do acordo, lideranças Ava Guarani criticaram o valor da reparação, considerando-o insuficiente para compensar os danos causados pela usina. Eles argumentam que a área a ser adquirida é muito menor do que o território tradicionalmente ocupado por seu povo e que a reparação deveria incluir outras medidas, como a revitalização de áreas degradadas e o apoio a projetos de desenvolvimento sustentável.
A construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, iniciada na década de 1970, resultou no deslocamento de diversas comunidades indígenas, incluindo os Ava Guarani. A perda de suas terras tradicionais teve um impacto significativo em seu modo de vida, cultura e segurança alimentar.
O acordo firmado representa um passo importante na busca por justiça e reparação para o povo Ava Guarani. No entanto, o debate sobre a adequação da reparação e a necessidade de medidas adicionais deve continuar.
No entanto, os indígenas consideram a reparação insuficiente. “Apenas uma migalha foi oferecida. Uma migalha para quem tem literalmente uma arma apontada para a cabeça. Fica impossível dizer não”, critica a carta.
“Essa compra de 3 mil hectares não é suficiente, é um primeiro passo de uma conquista do povo Ava Guarani que precisa continuar”, disse Celso Japoty Alves, coordenador estadual da Comissão Guarani Yvyrupa e liderança da Terra Indígena Tekoha Guasu Ocoy Jacutinga, durante cerimônia para homologação do acordo.
