Durante esses 14 anos de abandono e esquecimento, entrou prefeito e saiu prefeito, entrou governador e saiu governador, e problema continua sempre o mesmo.

Parque infantil com o arco e flecha todos danificados – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

Na aldeia Bororó, a antiga promessa de lazer e esporte estampada na Vila Olímpica se desfaz em ruínas. Completando 14 anos de abandono, o local que deveria ser um ponto de encontro e celebração para a comunidade indígena se tornou um retrato da negligência e do descaso.

A cena é desoladora. Os banheiros masculino e feminino, outrora destinados ao conforto dos visitantes, hoje exalam um forte odor de urina e ostentam a ausência de vasos sanitários e torneiras. A depredação é evidente, um testemunho silencioso do tempo e da falta de cuidado.

Banheiro danificado – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

O parquinho infantil, que deveria ecoar com risos e brincadeiras, agora é refúgio para o mato alto e lar de equipamentos danificados. A alegria imaginada para as crianças indígenas foi substituída pela insegurança e pela impossibilidade de usufruir de um espaço pensado para elas.

Brinquedos do parquinho quebrados – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

A quadra poliesportiva, palco de inúmeros eventos e da tradicional disputa do Miss e Mister Indígena de Dourados, também sofre com o abandono. Longe de suas melhores condições, o espaço não convida à prática de esportes nem à realização de festividades que antes eram motivo de orgulho para a comunidade.

Palanque da quadra para eventos cheio de água – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

A única intervenção regular no local, conforme relatos dos moradores, resume-se a esporádicas roçadas realizadas pelas prefeituras de Dourados e Itaporã. Uma ação meia boca que, embora necessária, não reverte o quadro geral de deterioração e abandono.

A situação da Vila Olímpica levanta questionamentos sobre o planejamento e a gestão de espaços públicos destinados às comunidades indígenas. O que era para ser um símbolo de inclusão e bem-estar se transformou em um lembrete constante do esquecimento e da falta de investimento em infraestrutura para as aldeias.

Enquanto a natureza reclama de seu espaço em meio aos escombros, a comunidade indígena aguarda por ações efetivas que resgatem a dignidade e o propósito da Vila Olímpica, um espaço que poderia voltar a ser um ponto de encontro, de lazer e de celebração da cultura indígena. A pergunta que ecoa na aldeia é: até quando a Vila Olímpica Bororó permanecerá como um monumento ao abandono?