O jornal The Time Indígena MS acompanhou de perto na noite de ontem (12) como é o esforço de cada aluno do curso de iniciantes do EJA e ouviu alguns relatos emocionantes.

Alunos do curso de iniciantes – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

Na escuridão da noite, a luz do conhecimento brilha na Escola Estadual Guateka, na Aldeia Jaguapiru. Um grupo inspirador de 34 alunos, com idades entre 30 e 68 anos, dedica suas noites ao curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) para iniciantes, mostrando que a busca pelo aprendizado não tem idade.

“Estou estudando para ser alguém na vida”, declara com entusiasmo a estudante Rute Gabriel, de 68 anos, personificando a garra e a determinação que movem essa turma. As aulas oferecem um leque de aprendizado que vai desde a alfabetização até o estudo das línguas maternas guarani, kaiowá e terena, valorizando a identidade cultural dos alunos.

O projeto EJA na Escola Guateka não se limita ao curso de iniciantes. Outras turmas, abrangendo desde o ensino fundamental até o ensino médio, acolhem alunos mais jovens que conciliam o trabalho durante o dia com a busca pela conclusão dos estudos durante a noite. A escola tem alunos matriculados desde da aldeia Bororó e também das retomadas que não faltam nenhuma noite, apenas quando chove e os próprios professores pedem para ficarem em casa.

Iniciado em fevereiro do ano passado com apenas 12 alunos no curso de iniciantes, o projeto testemunhou um crescimento notável, alcançando os atuais 34 estudantes. Um dos fatores cruciais para esse aumento é a facilidade oferecida às mães, que podem levar seus filhos pequenos para acompanhá-las durante as aulas, eliminando a preocupação de deixá-los sozinhos em casa.

Mãe com sua filha – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

“Nunca é tarde para eles alcançarem seus objetivos”, afirma com convicção a coordenadora da escola, Ana Cristina. Ela desempenha um papel fundamental no incentivo às alunas, especialmente as mais jovens, muitas das quais enfrentam o preconceito de maridos que não apoiam sua continuidade nos estudos. A coordenadora se empenha em mostrar a importância da educação e em fortalecer a autonomia dessas mulheres.

Histórias emocionantes de superação marcam o dia a dia do EJA na escola Estadual Guateka. Uma aluna do curso de iniciantes, que antes utilizava o carimbo para assinar a entrega da cesta básica, hoje celebra com orgulho a conquista de escrever o próprio nome. Essa vitória, compartilhada com professores e a coordenadora, simboliza o poder transformador da educação e a abertura de novas portas para um futuro com mais oportunidades e dignidade. O EJA na Escola Estadual Guateka se consolida como um farol de esperança e um caminho para a realização de sonhos na Aldeia Jaguapiru.