É notório que existe um preconceito de fato contra o gênero, mesmo na Reserva Indígena de Dourados, que é o berço do Brô MC’s, considerado o maior grupo de rap indígena do Brasil.

Primeira edição da batalha de rima na aldeia Jaguapiru – Foto: Reprodução/ Valdinei Garcia

O gênero musical do rap, apesar de ser a voz do aclamado grupo Brô MC’s, ainda enfrenta forte resistência e preconceito dentro da própria Aldeia Jaguapiru. Um exemplo recente dessa dificuldade ocorreu no último sábado, 21 de junho, quando uma batalha de rima que seria realizada na comunidade foi cancelada após a chegada da polícia, motivada por uma denúncia anônima. Segundo informações, a denúncia alegava a existência de aglomeração de jovens, consumo de drogas, som alto e venda de entorpecentes durante o evento. No entanto, o jornal The Time Indígena MS, que esteve presente na cobertura exclusiva da primeira edição da batalha de rima na aldeia,no dia 31 de Maio próximo a rotatória central, relatamos que não presenciamos nenhum tipo de atitude como as relatadas à polícia naquela ocasião.

O incidente evidencia um cenário de desconfiança e julgamento prévio em relação ao rap. É notório que existe um preconceito de fato contra o gênero, mesmo na Reserva Indígena de Dourados, que é o berço do Brô MC’s, considerado o maior grupo de rap indígena do Brasil. Paradoxalmente, os próprios Brô MC’s também sofrem com essa resistência local.

Eles frequentemente não são convidados a participar das festividades dos povos indígenas na região, justamente por causa do seu estilo musical. Os organizadores, muitas vezes, optam por convidar cantores de fora do ritmo chamamé, evidenciando uma preferência por gêneros musicais considerados mais “tradicionais” ou “aceitáveis” pela comunidade em detrimento da rica expressão do rap indígena.