O chefe da Unidade de E-Saúde, André Rogério, destacou que outras ações de telessaúde já foram desenvolvidas pelo hospital e que essa iniciativa representa um marco para o HU-UFGD e para a população indígena atendida.

O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), lançou no dia 9 de julho o projeto “Telessaúde como Ferramenta de Expansão da Conectividade e Acessibilidade ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Território Indígena”, com início nas aldeias Jaguapiru e Bororó, em Dourados (MS). O evento de lançamento ocorreu na Escola Estadual Indígena Intercultural Guateka Marçal Souza, com ampla aceitação da comunidade indígena.
O projeto tem como objetivo fortalecer a atenção básica por meio da oferta de teleconsultas, teleinterconsultas e outros serviços de telessaúde, promovendo maior resolutividade, humanização no atendimento e respeito à diversidade sociocultural dos povos indígenas. As comunidades Jaguapiru e Bororó, juntas, abrigam cerca de 22 mil indígenas.
Durante o lançamento, estiveram presentes lideranças indígenas, coordenadores do Polo Base de Dourados e profissionais das UBSI (Unidades Básicas de Saúde Indígenas). Conforme Géssica Linhares Melo Viana, da Unidade de Gestão da Inovação Tecnológica em Saúde (UGITS/HU-UFGD), o encontro serviu como um espaço de diálogo e escuta ativa, permitindo que as lideranças e profissionais compreendessem melhor a proposta e contribuíssem com sugestões. A receptividade foi considerada extremamente positiva, e a próxima etapa será a entrega dos equipamentos e o início dos atendimentos.
A primeira especialidade médica a ser disponibilizada será a psiquiatria, atendendo a uma demanda prioritária já identificada. À medida que o serviço se consolide, outras especialidades deverão ser incorporadas de forma progressiva, de acordo com as necessidades locais.
Parceria entre HU-UFGD, SESAI e Fundect
O projeto é uma realização do HU-UFGD em parceria com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), do Ministério da Saúde, com financiamento da Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso do Sul (FUNDECT). Conforme Junio Eduvirgem, coordenador do projeto e chefe da Unidade de Sistemas de Informação e Inteligência de Dados, a iniciativa nasceu da necessidade de superar barreiras geográficas, culturais e a escassez de especialistas nas comunidades indígenas.
Segundo ele, o uso das tecnologias da informação aproxima o cuidado e promove a troca de informações entre profissionais de saúde, respeitando as especificidades culturais dos povos originários. O projeto foi construído com base em diálogos com lideranças, profissionais e instituições parceiras, visando um serviço humanizado, acessível e culturalmente sensível.
Estrutura tecnológica e atendimento humanizado
Para viabilizar os atendimentos, será montado um ambiente específico com computadores, câmeras, internet de qualidade e sistemas seguros, garantindo qualidade técnica e sigilo das informações dos pacientes. As salas poderão ser instaladas nas próprias UBSI ou em locais estratégicos das aldeias. Durante as consultas, os pacientes contarão com o apoio de profissionais de saúde locais ou agentes comunitários, sem necessidade de internet própria ou dispositivos pessoais.
O chefe da Unidade de E-Saúde, André Rogério, destacou que outras ações de telessaúde já foram desenvolvidas pelo hospital e que essa iniciativa representa um marco para o HU-UFGD e para a população indígena atendida. “Nosso objetivo é garantir acesso à saúde sem a necessidade de deslocamento até o hospital, superando obstáculos logísticos e culturais. Estamos confiantes de que esse projeto fortalecerá o SUS, ampliará a equidade e levará cuidado onde mais é necessário”, concluiu.
