Com firmeza, o advogado lembrou que a Reforma Agrária é um direito constitucional, e que lutar por ela é agir dentro da legalidade democrática.

Tiago Botelho no domingo em um acampamento do MST

Durante uma celebração marcada por fé, emoção e consciência política, o professor de Direito e advogado Tiago Botelho(PT) fez um discurso contundente no domingo (12) em defesa da Reforma Agrária, da educação no campo e da dignidade dos trabalhadores rurais sem-terra. O encontro aconteceu em um acampamento de famílias ligadas ao MST e à Fetagri, no Dia de Nossa Senhora Aparecida e também Dia das Crianças.

Diante de dezenas de famílias e lideranças sociais, Tiago Botelho começou sua fala destacando a força espiritual que sustenta os movimentos populares: “A fé das pessoas é o que o ser humano tem de melhor. Hoje é dia de Nossa Senhora, uma mulher que deu à luz um homem que lutou por justiça, que dividiu o pão e mostrou que lutar por justiça é mandamento cristão. ”

Segundo ele, a luta pela Reforma Agrária não é apenas uma pauta política, mas um ato de fé e de justiça social inspirado no exemplo de Jesus Cristo.

“Quando criminalizam o MST, a Fetagri, os homens e mulheres como vocês, é porque não conhecem a luta dos trabalhadores rurais. São pessoas dignas que merecem respeito”, afirmou.

A Constituição garante a reforma agrária

Com firmeza, o advogado lembrou que a Reforma Agrária é um direito constitucional, e que lutar por ela é agir dentro da legalidade democrática:

“A Constituição Federal garante a reforma agrária. E se o Estado não faz, quem luta por ela é sujeito constitucional”, explicou.

Ele criticou a criminalização dos movimentos sociais e destacou que “quem tem terra não pode desmerecer a luta de quem busca um pedaço para plantar e viver com dignidade”.

Educação: filhos do campo com futuro

Botelho enfatizou a importância da educação para as crianças e jovens dos acampamentos, a quem se referiu carinhosamente como “sem-terrinha”. Ele defendeu que o futuro do campo depende do acesso dessas crianças ao estudo e à formação técnica:

“O filho do trabalhador rural sem-terra pode ser o que quiser: médico, engenheiro agrônomo, dentista, advogado. A diferença entre o filho do rico e o do pobre é a oportunidade. ”

O professor citou exemplos de sucesso no chamado “cinturão verde”, onde famílias produzem hortaliças e flores com técnicas sustentáveis de hidropônica, alcançando rendas mensais entre R$ 15 e R$ 20 mil. Queremos isso: trabalho, produção, autonomia e dignidade”, disse.

Avanços e desafios da Reforma Agrária

O advogado mencionou ainda resultados e metas do atual governo federal, como:

  • 53 mil moradias entregues pelo Minha Casa Minha Vida em Mato Grosso do Sul entre 2023 e 2025;
  • Isenção de Imposto de Renda para salários de até R$ 5 mil;
  • E a expectativa de decisão do DNIT até junho de 2026, sobre a destinação de áreas da União para assentamentos.

Botelho reconheceu que há desafios — como o alto custo das terras no estado e a resistência de parlamentares e fazendeiros —, mas reforçou que “a luta segue até que cada família saia do barraco de lona com seu lote garantido”.

Pré-candidatura e renovação política

Ao final, Tiago Botelho anunciou sua pré-candidatura a deputado estadual, com foco na pauta da Reforma Agrária, da justiça social e da defesa dos povos do campo.Ele criticou parlamentares que atacam indígenas, quilombolas e trabalhadores sem-terra, afirmando que são esses grupos que mantêm viva a Constituição Federal e o sentido da democracia.

“Eu não aceito balsonaristas falando mal de indígena, quilombola ou sem-terra. São vocês, que dão sentido à Constituição. Ou a gente renova os quadros, ou apaga as luzes. Essa será a última eleição do Lula e é hora de continuar o projeto popular.

Encerrando sua fala, Tiago Botelho deixou uma mensagem de esperança e união:

“Fiquem com Deus, com Nossa Senhora, e até a vitória. Viva o Dia das Crianças e viva a luta pela terra! ”

Fé, coragem e resistência

A fala de Tiago Botelho ecoou entre os presentes como uma mensagem de fé e resistência popular, unindo os valores cristãos à defesa da terra, da vida e da justiça.Em um país onde o direito à terra ainda é negado a milhões, o professor lembrou que a esperança nasce do chão e das mãos que o cultivam.

“A luta pela terra é sagrada. Ela não é só política — é espiritual, é humana e é justa. ”

Por Wilson Matos Jornal The Time Indígena MS – Voz e resistência dos povos e trabalhadores do Mato Grosso do Sul